quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Não adianta se entupir de cursos

Palavra da semana: candidato. Em latim, candidatus significava “vestido de branco”, já que os postulantes a um cargo público usavam togas inteiramente alvas, que denotavam franqueza e sinceridade. É o que as empresas continuam a esperar dos candidatos a emprego – a verdade –, embora o terno escuro seja mais recomendado em entrevistas.

Pretendo iniciar minha carreira em breve. Se você puder me dizer uma palavra para me orientar em minhas futuras decisões profissionais, eu agradeço.Paulo, 18 anos

Rumo, Paulo. Muitos jovens se atrasam, ou se perdem, porque demoram demais a decidir para onde querem ir. E, na dúvida, ficam fazendo cursos e mais cursos – de graduação, pós e especialização –, imaginando que o número de oportunidades será diretamente proporcional à quantidade de diplomas. Depois, cogitam em morar um ano no exterior para aprimorar o inglês. Um dia, esses jovens descobrem que já passaram da idade ideal para conseguir um estágio, mas não acumularam experiência prática para competir por uma boa vaga. Por isso, Paulo, quanto antes você conseguir um emprego, qualquer que seja ele, para começar a entender como o mercado de trabalho funciona, mais facilmente você definirá um rumo para sua carreira.

Sou funcionária pública há 12 anos, e não vejo mais perspectivas de crescimento. Quero mudar para a iniciativa privada. O que seria melhor para aumentar minhas chances de fazer essa mudança, um MBA ou um mestrado? Salete

Um MBA, Salete. O mestrado seria mais valorizado se você se decidisse por uma carreira acadêmica. Mas faça um teste antes de tomar uma decisão tresloucada. Comece a mandar currículos e a participar de processos seletivos em empresas privadas. Você descobrirá quanto sua experiência no serviço público será benéfica ou prejudicial para uma eventual mudança. Considere também que hoje você tem estabilidade e – eu suponho – tempo para desfrutar de uma certa qualidade de vida. Na empresa privada, você terá mais chances de promoção em médio prazo, mas sofrerá mais pressões, trabalhará mais horas e correrá mais riscos – incluindo o pior de todos, o de desemprego. A decisão é sua, Salete, mas tenha a certeza de que você está avaliando corretamente a situação. Tomando como base as mensagens que recebo, há muito mais gente querendo pular da iniciativa privada para o serviço público que o contrário.

Quanto antes você conseguir um emprego, para entender como o mercado funciona, mais fácil será definir o rumo de sua carreira
Há quatro meses estou ocupando interinamente o cargo de encarregado de meu setor. Já perguntei duas vezes a meu chefe se vou ser efetivado na função, e ele me respondeu, nesta ordem: “Vamos ver” e “No momento, a empresa está passando por uma fase de transição, e mais adiante a gente conversa”. O que eu posso deduzir?Fausto

Várias coisas. A primeira é que seu chefe ainda não viu em você todas as qualidades necessárias para o cargo de encarregado. A segunda é que seu chefe acredita que você é a pessoa certa, mas alguém acima dele não acredita. E a terceira é que você está apenas tapando buraco, até que a empresa contrate um novo encarregado. Neste momento, há uma coisa que você deve estar fazendo: demonstrar, por meio de resultados práticos e do apoio de seu pessoal, que é de fato a melhor solução. E outra que talvez você não esteja fazendo: preparar-se para o caso de alguém de fora ser contratado. Se você enxergar a situação como um aprendizado, sofrerá menos caso ocorra a segunda hipótese – que, em minha opinião, é a mais provável.


fonte: Revista Época edição nº 495

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