quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Devo sair para ganhar o dobro?



Após quatro anos nesta empresa, fui convidada a participar de um programa interno de coach. Pelo que entendi, a empresa vai escolher uma pessoa mais antiga de casa para me dar conselhos profissionais. Nunca fui criticada por meu trabalho e estou em dúvida quanto à intenção da empresa. Será que fiz algo errado?

Pelo contrário. Você recebeu uma ótima notícia. Coaching é uma palavra que significa treinamento, e esse é um dos melhores programas de desenvolvimento individual que eu conheço, porque o coach interno é alguém que conhece a fundo a empresa e já passou por situações várias pelas quais você ainda terá de passar. Para funcionar bem, esse programa precisa de duas coisas. A primeira é que o coach interno (que não vai receber nenhum pagamento adicional) aceite a responsabilidade de bom grado e se empenhe para transmitir o que ele aprendeu na vida prática. E a segunda é que você seja sincera ao compartilhar com ele as suas dúvidas e ouça as sugestões dele sem se colocar numa posição defensiva. Se vocês conseguirem estabelecer essa relação de confiança mútua, o programa – que dura entre três e seis meses – será mais útil para sua carreira no curto prazo que um MBA. Portanto, aproveite.

O texto da Nossa Missão de minha empresa fala em “melhoria contínua através da gestão participativa”. Mas jamais somos chamados a opinar sobre decisões que afetam nosso dia a dia. Será que essa frase é só para impressionar?
A gestão participativa tem por princípio comunicar o que acontece na empresa, explicar por que certas decisões são tomadas nas altas esferas e permitir que todos os níveis hierárquicos possam apresentar sugestões e manifestar suas opiniões. Logo, em seu caso, a resposta é sim. A frase deve ter sido copiada da Nossa Missão de alguma outra empresa.

Atuo há 12 anos na área de sistemas de uma multinacional. Recebi uma proposta para ingressar numa empresa em processo de startup, para ganhar o dobro. Devo encarar?
Para quem não está familiarizado com a terminologia, start-up quer dizer embrionária. É uma empresa que está começando agora e, portanto, não há como obter muitas informações sobre ela. Dito isso, eu, se estivesse na pele do leitor, só aceitaria a proposta com um contrato de garantia de emprego por dois anos. Não é incomum que empresas nascentes contratem, por salários extravagantes, profissionais com profundo conhecimento técnico. São eles que vão colocar a empresa em pé e pronta para deslanchar. Porém, assim que a empresa se assenta, pode acontecer de esses profissionais serem substituídos por outros mais em conta. Em princípio, desconfie de quem quer pagar um salário muito acima da média do mercado. Não apenas em sistemas, mas em qualquer área.

Fiz uma entrevista há 45 dias e ainda não recebi uma resposta. Devo continuar aguardando ou ligar para a empresa?
Nenhum dos dois. Toque sua vida. O silêncio da empresa já é uma resposta, embora não seja a mais profissional nem a mais educada.


fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EMI181123-15230,00.html

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